Cerise Doucède - Fotografia
abril 06, 2015
ARTE & DESIGN
Estava eu folheando uma revista que havia acabado de receber: a Docol Magazine. Mal abri e dei de cara com vários assuntos superinteressantes. Tenho mania de dar uma olhada geral na revista e só depois parar para ler, assim, uso o meu tempo apenas com o que me interessa realmente. Tinha muita coisa legal, mas quando abri uma página dupla e vi a fotografia enorme de lindas e brilhantes maçãs, flutuando presas por fios, em um ambiente cheio de detalhes e a personagem em meio a uma ação cotidiana, fiquei fascinada!
As imagens seguintes num total de sete – na revista, não me deixaram menos perplexa. Fiquei tão encantada e presa às cenas, que me senti como uma de suas personagens: perdida em divagações interiores enquanto observo uma revista. Faltaram os objetos flutuando sobre minha cabeça, por que a cara de “perdida no espaço” eu já tinha.
“Adoro a relação que pode existir entre as pessoas e os objetos” – Cerise Doucède.
Cerise Doucéde é uma jovem artista francesa, de 27 anos, estudante de artes plásticas desde os 16. Descobriu seu amor pela fotografia enquanto cursava a faculdade de design gráfico (em Aix-en-Provence, Paris), quando produziu, entre 2010 e 2012 a série “Égarements” (“Distrações”em português), a primeira de muitas outras que vieram depois.
“Eu quis reproduzir aqueles momentos em que algo faz com que a gente se perca nos próprios pensamentos” – Cerise Doucède.
Seu processo de trabalho consiste em amarrar os objetos com fios de nylon, dispondo-os cuidadosamente no espaço ao redor da personagem. Todo o ambiente é minuciosamente preparado, trabalho que pode perdurar por até três dias. Segundo ela própria, desmontar é bem mais fácil e rápido, em cerca de uma hora tudo está em seu devido lugar.
Os fios visíveis vêm de encontro ao conceito defendido por ela: “Caso contrário, seria apenas uma foto fictícia ou fantástica, e eu não queria isso, queria uma conexão entre a realidade e a ficção”.
Seu objetivo é capturar a cena de forma que dê a sensação de um momento congelado no espaço e no tempo. O resultado oferece uma estética surreal, lúdica, delirante. A cada imagem uma surpresa.
“Sempre me interessei pelos sonhos, sobretudo os momentos em que sonhamos acordados, quando nos perdemos em nossos próprios pensamentos, nos distraímos” - Cerise Doucède.
As personagens são clicadas como em um momento decisivo do pensamento. Em meio a devaneios em que a figura em questão apresenta uma expressão perdida, distraída, às vezes entristecida, mas que, ao mesmo tempo, sente-se bem em estar envolvida por suas próprias reflexões.
“Acho divertido ficar adivinhando sobre o que pensam as pessoas que passam na rua.” - Cerise Doucède.
Cerise Doucède encontra inspiração para suas obras em cenas do cotidiano e distrações do dia a dia. Seu estilo fotográfico ganhou espaço em campanhas publicitárias e conteúdos jornalísticos na Europa e pelo jeito, já está ganhando o mundo!
Quando vi as imagens, sem ler nada sobre o assunto, tive a sensação de que os objetos flutuantes eram o espelho do pensamento da pessoa no exato momento do clique fotográfico, mas quando prestei atenção na expressão envolvida, fiquei em dúvida. Quem fica com cara de “tô em outro planeta” pensando no café da manhã ou no jantar que vai comer? Então, imaginei que os objetos flutuando em torno da personagem representassem o momento “estou fora da realidade” - estou tão dentro de mim mesmo que o mundo do lado de fora perdeu o foco.
Arte é assim. De um lado, o que o artista tirou de dentro dele para expor ao mundo e do outro, o que a gente recebe de dentro do nosso próprio universo, ao entrar em contato com o que o artista oferece.
A postagem de hoje foi sobre fotografia, um mundo novo para mim, mas do qual sou fã desde sempre. Se um dia eu aprender a tirar fotos razoáveis... estouro fogos...rs. Por hora, fico feliz em conhecer mais de quem nasceu com o dom de ver e traduzir, de um jeito singular e extraordinário , o que agente apenas “enxerga”.
Se você quiser conhecer as outras séries da fotógrafa Cerise Doucède é só clicar aqui.
Beijos, beijos!!
Conteúdo inspirado no texto de Lucie Ferreira, da revista Docol Magazine (ano 6 – edição24 )
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